Lançamento do livro (Às) Contas com Almas Penadas e Diabos, Bruxas e Maus-olhados”
O lançamento do livro (Às) Contas com Almas Penadas e Diabos, Bruxas e Maus-olhados”, de Roberto Afonso decorreu ontem 16 de dezembro de 2021, no Centro Cultural Solar dos Condes de Vinhais.
Na sessão estiveram presentes Luís Fernandes, Presidente da Câmara Municipal de Vinhais, Artur Marques, Vereador da Cultura, D. José Manuel Garcia Cordeiro, Bispo da Diocese Bragança-Miranda e os ilustradores da obra literária Alberto Lebreiro, Ana Paula Ortega e Rui Correia. As ilustrações originais enconram-se expostas no foyer do Centro Cultural de Vinhais.
Roberto Afonso percorre novamente o imaginário popular, desta vez em “(Às) Contas com Almas Penadas e Diabos, Bruxas e Maus-olhados”, dado à estampa com a chancela da Oficina do Livro, prefácio assinado por D. José Manuel Garcia Cordeiro e ilustrações de Alberto Lebreiro, Ana Paula Ortega e Rui Correia.
Longe vão os tempos em que era à noite, à volta da lareira, que vizinhos, familiares e amigos confraternizavam alegremente, partilhando momentos de boa disposição que os faziam esquecer as agruras do dia a dia e as longas e penosas horas passadas a trabalhar, no campo, de sol a sol.
Era ao serão, na velada, folheando o testamento oral de tempos de antanho que, de boca em boca, de geração em geração, se transmitiam estórias de encantar ao mesmo tempo que se despertavam “medos”.
Luzes avistadas ao longe, nos montes, barulhos súbitos, com soalhos a ranger e portas a abrir, encostos aterrorizantes, fantasmas e espíritos perturbadores, lobisomens e demónios que encarnavam em animais, velhas bruxas, desdentadas e corcundas, almas penadas, vagueando pelo mundo em busca da salvação, e as manhas e malícia do Diabo inspiraram 33 envolventes narrativas que o autor construiu, ficcionando memórias orais nas quais o bem e o mal se encontram em permanente confronto. Vivências de um povo profundamente crente e supersticioso que se refugia na fé, na oração, em mezinhas e esconjuros, para enfrentar, combater e vencer as forças das trevas.
Apesar da contextualização e enquadramento dos contos criados atender a aspetos culturais característicos do nordeste transmontano, quer nas expressões idiomáticas ou regionalismos empregues, quer nos espaços em que a ação se desenrola, ou no modus vivendi dos protagonistas, a universalidade do tema convida o leitor a experimentar intensamente cada episódio relatado embarcando numa arrepiante e arrebatadora viagem pelos mistérios da vida e da morte.